
O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, manifestou-se, esta terça-feira, contra a agressão de um jornalista da agência portuguesa de notícias Lusa, por parte da polícia em Bissau, no domingo. Umaro Sissoco Embaló disse que houve “excesso de zelo” por parte da polícia, mas notou que ninguém pode desobedecer uma ordem dos agentes de segurança pública.
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Com polícias em parada, mesmo debaixo de uma chuva intensa, na presença do Ministro do Interior e do secretário de Estado da Ordem Pública, o Presidente Umaro Sissoco Embaló falou do ocorrido com o jornalista da Lusa, Júlio Oliveira. O Presidente lamentou a agressão de que o operador de imagem da Lusa foi alvo e disse que comportamentos destes não são toleráveis.
“O papel da polícia é proteger os cidadãos e manter a ordem e não agredir”, disse o Presidente Embaló, que afirmou que tem recebido muitas queixas da actuação das forças de ordem, o que disse ser intolerável.
O chefe de Estado guineense afirmou que muita coisa lhe tem sido atribuída, quando na realidade é o próprio quem tem dado ordens no sentido de cessar com aqueles comportamentos.
Umaro Sissoso Embaló acrescentou que não faz sentido colocar um aparato policial nas ruas de Bissau apenas porque está a chegar ao país um líder político que vem do estrangeiro.
Em relação ao jornalista da Lusa agredido, Umaro Sissoco Embaló acrescentou que houve “excesso de zelo” por parte da polícia, mas notou que ninguém pode desacatar uma ordem dos agentes de segurança pública.
Enquanto chefe de Estado, Embaló disse que não pede desculpa ao cidadão guineense Júlio Oliveira e nem a Portugal, porque “não cometeu nenhum erro”, mas disse que se solidariza com ele. Quem pediu desculpa ao jornalista foi o Ministro do Interior, Botche Candé.
“Houve exagero. Peço ao ministro do Interior que peça desculpa ao Júlio, que é um cidadão guineense e não português”, observou Umaro Sissoco Embaló, salientando que a sua comunicação no Ministério do Interior é uma chamada de atenção constructiva pelas queixas que tem recebido da actuação das forças da ordem.
O Ministro do Interior guineense, que se encontrava ao lado de Sissoco Embaló, levantou-se e pediu desculpa “em nome do Presidente da República” ao jornalista Júlio Oliveira.
O chefe de Estado guineense frisou que não é papel da polícia agredir, mas manter a ordem no país.
Esta segunda-feira, ouvido pela agência Lusa, o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Bubacar Turé, defendeu que os agentes da polícia que agrediram no domingo o repórter de imagem da Lusa em Bissau devem ser responsabilizados e “eventualmente” afastados da corporação. “É a única forma de mostrar que o Estado não compactua com esse tipo de comportamento”, declarou o jurista Bubacar Turé.
Por sua vez, na segunda-feira, em resposta a questões enviadas pela Lusa, o Ministério português dos Negócios Estrangeiros disse que Portugal lamenta o incidente com o repórter da agência e toma “boa nota das diligências efetuadas que produziram já resultados, desde logo o facto de o Presidente da República da Guiné-Bissau ter telefonado ao repórter de imagem a pedir desculpa pelo que aconteceu“.