O ouvinte Amilton Leonel dirigiu duras críticas à Rádio Cuquema (93.1 FM), sediada no Cuito, província do Bié. Em seu relato, ele afirma que a emissora, historicamente conhecida como “a rádio da cidadania”, já não corresponde ao seu slogan e estaria a passar por um “silêncio repentino” na abordagem de temas sensíveis.
Fonte: Sem Censura TV

Leonel, que se diz um ouvinte atento, reconheceu o passado da rádio como espaço de “debates fortes e compromisso com a comunidade”. No entanto, alerta que, nos últimos nove meses, tem observado uma mudança preocupante.
“A rádio que antes se destacava pela sua transparência e firmeza parece ter perdido a verticalidade que a caracterizava. Já não se nota a mesma coragem nas abordagens, nem a mesma disposição para ouvir e dar voz às denúncias que vêm das comunidades”, afirmou.
O jovem citou rumores que circulam na comunidade, os quais sugerem que “há profissionais corrompidos” e que outros usariam o “poder crítico da rádio para chamar a atenção de dirigentes, na esperança de receber algum benefício”.
“Se isso for verdade, é preocupante. O jornalismo não pode ser usado como instrumento de troca ou meio de promoção pessoal. Ele deve servir o povo e garantir que a voz da sociedade seja respeitada”, defendeu Leonel.
Além da perda de independência editorial, Leonel apontou as difíceis condições de trabalho dos jornalistas da casa, como “baixo pagamento salarial e falta de meios de locomoção”. Estas condições, segundo ele, levantam uma série de interrogações.
“A Rádio Cuquema paga mal aos seus profissionais, e por isso alguns se deixam levar por influências externas? Ou será que o medo passou a dominar o ambiente de trabalho, silenciando quem antes falava com firmeza? Existe ainda outra hipótese: alguém terá vendido a voz da rádio, trocando a sua verticalidade por vantagens particulares?”, questionou.
Para o ouvinte, qualquer uma dessas possibilidades é grave e representa uma “perda de independência”. Ele acredita, porém, que é possível reverter a situação.
“Acredito que ainda é possível recuperar o prestígio da Rádio Cuquema. Isso exige coragem, transparência e compromisso ético. A direção precisa rever as suas linhas editoriais, garantir que nenhuma voz seja silenciada por medo ou conveniência, e valorizar os profissionais que trabalham com integridade”, concluiu.
Procurada para se pronunciar sobre as acusações, a direção da Rádio Cuquema, que pertence ao Grupo Orquídea, presidido por Sandro Vilombo Miguel, não se manifestou até ao fecho desta edição.