
Um inquérito realizado pelo Movimento do Protetorado Português Lunda Tchokwe em oito províncias de Angola revelou que metade dos inquiridos são favoráveis à autonomia daquela região do território angolano.
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A pesquisa, foi realizada entre 2016 e 2024, nas províncias de Luanda, Benguela, Bié, Moxico, Malanje, Cuando Cubango, Lunda Sul e Lunda Norte, revelando que 47% dos inquiridos desejam a independência, enquanto 2% se abstiveram.
Os dados recolhidos junto de 3.827 pessoas mostram que 1.949 votaram pela autonomia, 1.802 pela independência e 76 abstiveram-se. Das províncias que maioritariamente foram favoráveis à independência destacam-se a Lunda Norte (71%) e Lunda Sul (59%), enquanto as que mais defenderam autonomia foram Luanda (63%) e Benguela (62%).
Este inquérito foi realizado apenas nas cidades capitais, isto é, Luanda, Benguela, Cuito (Bié), Menongue (Cuando Cubango), Luena (Moxico), Saurimo (Lunda Sul), Dundo (Lunda Norte) e Malanje. Sobre o seu longo período de elaboração (oito anos), o movimento afirmou que a expectativa era realizar em apenas 12 meses do ano de 2016.
“Mas, dada a dificuldade que nos foi imposta pelo regime, mormente perseguições, prisões, questões financeiras e sobretudo os cuidados para se aproximar das pessoas, foram muitos destes constrangimentos que fizeram com que o tempo tivesse dilatado para estes oito anos de um projeto que seria de 12 meses”, refere-se no documento.
O movimento apontou ainda “muitas dificuldades para abordar os cidadãos, principalmente a classe intelectual”, por medo de represálias, acrescentando que “muitos políticos e dirigentes de igrejas também emitiram suas opiniões convergentes e divergentes”.
No inquérito, lamenta-se que, “passados 49 anos da independência de Angola, em 1975, e a da dependência da Lunda Tchokwe, e os 33 anos de instauração de Estado democrático e de direito em Angola”, o Protetorado Português da Lunda Tchokwe, que compreende as províncias da Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico e Cuando Cubango, ainda seja governado “num ambiente de ditadura, com excessivas limitações de liberdade de expressão, associados com inúmeros casos de violação do direito à integridade física, direito à vida, acesso e gestão de terras e água, à educação e saúde”.
Apesar de ser rica em diamantes e outros minérios, comparativamente com outras regiões do país, “as regiões das Lundas são as mais atrasadas em termos de desenvolvimento sócio económico, adicionado com a fraca abertura democrática”, argumenta.
“Todas iniciativas que tendem criar organizações da sociedade civil, que visam promover direitos humanos e o exercício da cidadania são combatidas energicamente e são tidas contra o Governo”, descreve. Uma crítica do MPPLT vai igualmente para os partidos políticos da oposição que “quase ou nada fazem para mudar o quadro, temendo atos de repressão policial”.
O MPPLT, fundado em 2006, identifica-se como sendo uma organização cívico/político, nos termos dos direitos civis, políticos e económicos, em defesa da nação Lunda Tchokwe e dos Tratados Celebrados com Portugal 1885 – 1894.