À medida que o tempo vai passando, fica cada vez mais provado que Angola e os angolanos não ganharam absolutamente nada com a chegada de João Lourenço ao cargo de Presidente da República em 2017 e reeleito em 2022.

Foi um tremendo equívoco da parte do Presidente José Eduardo dos Santos tê-lo escolhido como sucessor; e dos demais líderes do MPLA, ao terem anuído a que o poder fosse parar às mãos de alguém que, para além da má consciência que revela, necessitava ainda de aprender e assimilar noções básicas sobre a arte de governar.
Na sua incúria, em oito anos de mandato o inquilino da cidade alta e a sua matilha não perceberam patavina da responsabilidade que carregam, bem como da importância de que se reveste o cargo de mais Alta Magistratura da nação. Em oito anos, o homem e a sua matilha apenas fizeram regredir o país com actos de má-governação e inquinação das funções das instituições do Estado.
Durante esse período, promoveram a incompetência e desalojaram em definitivo a meritocracia, impulsionaram a gestão casuística do poder e alçaram a patamares mais elevados o fenómeno da corrupção, que já ia em disparada no país. A ofensa à dignidade alheia ganhou o nível da rua por meio de discursos incendiários que passaram a fazer parte da cartilha e do modus operandis da instituição presidencial.
A despeito deste quadro assaz negativo, engana-se quem pensa que o problema do regime se esgota na pessoa de João Manuel Gonçalves Lourenço. Tal como já se dizia em relação ao malogrado José Eduardo dos Santos, o problema de Angola reside na natureza do regime autocrático que, à medida que o tempo foi passando, se tornou ideologicamente ainda mais insano e prenhe dos vícios perigosos que o mundo organizado e democrático já baniu há muito tempo das práticas de governação.
Exemplos retirados da nossa realidade são, comprovadamente, as fraudes sistematicamente mantidas nas eleições gerais de 2008, 2012, 2017 e 2022, antecedidas de alterações profundas e cavilosas da legislação angolana, com a Constituição da República incluída.
Sempre que se aproximam os actos eleitorais – mais concretamente, dois anos antes -, o regime investe de forma brutal no sector da Defesa, Segurança e Ordem Pública, o que não é feito por mero acaso, mas com um propósito claro e perverso.
Em tais ocasiões temos observado que o regime realiza avultados investimentos na classe castrense. Mas esse investimento é feito na máquina repressiva e assassina com o objectivo de provocar sentimentos de medo nas populações, exactamente à medida em que vai montando o processo da fraude que culmina sempre com a captura das instituições do Estado e, concomitantemente, com um novo golpe constitucional.
Na sequência, e também não por acaso, a máquina do regime promove e intensifica os actos de diplomacia que visam corromper a comunidade internacional. Investe centenas de milhões de euros e dólares americanos em lóbis, publicidade enganosa negociada com grandes cadeias televisivas internacionais, e a cooptação para a sua causa de chefes de Estado e de governo.
Paralelamente às referidas campanhas, o regime diaboliza a oposição junto à comunidade internacional; encomenda e compra títulos internacionais para branquear a imagem; improvisa e compra eventos internacionais, à semelhança da cimeira de negócios que teve lugar recentemente em Angola.
Via de regra, nestas operações internacionais de branqueamento da imagem do regime angolano, Portugal assume um papel de charneira, tirando-se partido do clientelismo político em que se envolvem muitas das suas instituições e conhecidas figuras individualmente. Já não constitui segredo o modo como os governos portugueses, não importa a cor política, se têm assumido como os porta-aviões do regime angolano na zona euro em particular e no mundo em geral.
Aliás, salta à vista que Portugal vê Angola como se de sua coutada se tratasse. Desde que sectores esquerdistas portugueses ajudaram o MPLA a instalar-se no poder em Angola há 50 anos, Portugal tem feito o trabalho sujo do regime angolano, não hesitando em prestar-lhe vassalagem.
Por isso é que Portugal acoita todos os corruptos do regime, procede ao branqueamento de capitais e dinheiro sujos desviados de Angola e toma a dianteira de reconhecer as eleições antes mesmo do escrutínio fechar. Enfim, nessas ocasiões, Portugal faz o papel de aríete para convencer o resto do mundo a reconhecer as eleições, legitimando o regime golpista.
É por esta e outras razões que o regime anda-à-vontade. O regime do MPLA não respeita o povo, não respeita as forças de Defesa, Segurança e Ordem Pública, o qual manipula, usa e instrumentaliza a seu bel-prazer, transformando-as em milícias privadas do Partido. Tudo isto para garantir a manutenção do poder a qualquer preço. O MPLA não confia no voto do eleitor. O regime confia, isto sim, na legitimidade comprada junto da comunidade internacional e na repressão e violência política que desencadeia contra os eleitores insatisfeitos em Angola.
Todos os cenários de repressão e violência política, assassinatos selectivos, leis inconstitucionais, surgimento em catadupa de supostos partidos políticos, diabolização do líder da UNITA Adalberto Costa Júnior, a compra de militantes deste partido, bem com a suposta implosão da FPU faz parte da cartilha propagandística e da narrativa para vender, às chancelarias do mundo democrático, a ideia de que a oposição está desestruturada e o MPLA é o único partido estável e que reúne as condições de governar e manter intactos os interesses externos.
Aqui chegados é crucial e importante, enquanto cidadãos conscientes dos melhores interesses para o País, unirmos esforços em torno da UNITA e do seu líder Adalberto Costa Júnior, para que se materialize a alternância do poder em 2027. Para o efeito, o povo angolano deve estar atento às manobras da comunidade internacional retrógrada, com realce para o papel nefando que Portugal tem jogado contra os reais e genuínos interesses dos angolanos. Os membros dos órgãos de Defesa, Segurança e Ordem Pública devem ser alertados da necessidade de se despertar e libertar do jugo do regime.
Eles devem ser alertados sobre o perigo da sua instrumentalização e uso abusivo enquanto homens e chefes de famílias que tal como o povo também vivem em sofrimento às mãos do regime opressor no poder.
O povo deve quebrar as algemas do medo a fim de se levantar e defender o direito à liberdade e dignidade plenas. A liberdade de escolha não pode ser defraudada e pisoteada por quem quer que seja.
A ditadura deve ser combatida, travada e eliminada