DISCURSO DE ENCERRAMENTO DO ACTO DE APRESENTAÇÃO PÚBLICA DA FUNDAÇÃO JONAS MALHEIRO SAVIMBI

Sociedade

Começo por cumprimentar, carinhosa e respeitosamente, todos quantos nos honram com a sua presença nesta sala. Saúdo e reitero os nossos agradecimentos por nos terem disponibilizado parte do vosso precioso tempo para nos acompanharem nesta actividade, tornando-a notável e mais importante.

Hoje é, de facto, um dia importante para a História da construção da Nação angolana. Este dia ficará registado pelo simbolismo de reconciliação que ele encerra, pois é o dia da apresentação pública da Fundação com o nome de Jonas Malheiro Savimbi, aqui em Luanda,  não no estrangeiro, não no maquis,  nem no exílio, mas na capital do seu País, a República de Angola, de cujos fundamentos ele é, um dos arquitectos.

Hoje é o dia para reconhecermos publicamente o empenho e a dedicação de todos os curadores, patrocinadores e amigos, no País e no estrangeiro, que tornaram possível a institucionalização da Fundação JMS na República de Angola.

A Fundação Jonas Malheiro Savimbi, manifesta em particular o seu reconhecimento ao Presidente da República, Dr. João Manuel Gonçalves Lourenço, por ter tido a coragem política de romper com tabus e ultrapassar preconceitos para permitir que o parceiro do Presidente José Eduardo dos Santos e do Governo de Angola na construção da paz democrática, em 1991, tivesse também a sua Fundação estabelecida e protegida em Angola.

 Foi uma decisão patriótica, politicamente elevada e digna de registo, por se tratar de um adversário político muito forte, cujo papel histórico na construção da Pátria muitos quiseram e querem apagar; outros quiseram e querem silenciá-lo ou ignorá-lo e ainda outros procuram deturpá-lo.  Sabemos que até hoje, ainda se vêm por aí escritos e comentários dos que apregoam que, “Savimbi não mais”. Ainda estão por aí os que sussurram a tese de  “Não se fale mais de Savimbi”

Para nós, isso não é de admirar. Sempre houve os que andam em contra corrente da História. Mas esta, a História de Angola, apela hoje, mais do que nunca,  à reconciliação nacional e exige coragem política. É este o verdadeiro sentido da História e não o que fala de instrumentalizações.

 Ao longo de cerca de seis décadas, a UNITA de Jonas Savimbi manteve-se fiel à sua matriz e não se deixou instrumentalizar; também a Fundação Jonas Malheiro Savimbi jamais se deixará instrumentalizar por quem quer que seja. Ela saberá ser herdeira do acervo intelectual e patrimonial do seu patrono, no tempo e no espaço.

Para nós, os curadores da Fundação, hoje é o dia para prestarmos uma singela homenagem ao nosso patrono Jonas Malheiro Savimbi, que definiu como sua missão de vida lutar por uma sociedade livre, justa, desenvolvida e solidária. Uma sociedade de paz, igualdade e progresso social, dirigida por patriotas leais, honestos e dedicados à luta contra a pobreza, as desigualdades e a exclusão. No contexto colonial em que viveu, Savimbi não tinha dúvidas que estes objetivos sociais só poderiam ser alcançados mediante profundas transformações políticas. Criou, para o efeito, em 1966, um instrumento político de luta a que denominou União Nacional para a Independência Total de Angola, UNITA. Jonas Malheiro Savimbi já havia concluído,  que a independência não se concretiza sem liberdade, sem democracia e sem paz. Por isso, conquistada a independência política, em 1975, prosseguiu a luta que resultou na consagração constitucional de um Estado Democrático de Direito numa nova república; a República de Angola, em 1992.

Jonas Malheiro Savimbi foi sem dúvida um dos fundadores da Pátria que mais Acordos assinou para a paz, mais quadros formou, mais quilómetros percorreu no seio das aldeias e comunas do país real, e, acima de tudo, o único que subscreveu tanto os primeiros Acordos pré-constituintes para a independência de Angola como os segundos Acordos pré-constituintes para a constituição da República de Angola e das suas Forças Armadas unificadas, as FAA.

Jonas Malheiro Savimbi e José Eduardo dos Santos foram os arquitectos dos fundamentos da República de Angola, dois nomes que não poderão nunca ser apagados da História de Angola. Quanto mais cedo os angolanos conseguirem abandonar os seus preconceitos e ressentimentos pessoais e aceitarem este facto histórico, mais cedo celebraremos os frutos do perdão mútuo e aprenderemos a nos comportar de facto como construtores de uma Nova Nação.

Minhas senhoras e meus senhores,

Por causa do nosso passado histórico, Angola reclama, mais do que nunca, pela participação democrática de uma sociedade civil forte e autônoma, repito autônoma,  com capacidades próprias de intervenção social, cultural e científica na concepção e execução de programas e projectos que concorram para o desenvolvimento humano. É neste quadro de intervenção social da sociedade civil que actuará a Fundação Jonas Malheiro Savimbi.

Projetamos uma Fundação nacional com sede em Luanda, mas com possibilidades de ter representação ao nível internacional, que promove o desenvolvimento de pessoas, através da educação, da ciência e da beneficência, cujo objectivo fundamental é a construção de uma sociedade mais equitativa e sustentável.

A Fundação começa com quase sem meios mas com imensa ambição e intensa vontade de servir a curto prazo as comunidades locais e a médio e longo prazos servir a comunidade global.  A Fundação pretende, acima de tudo, na primeira década do seu funcionamento, mobilizar recursos humanos, financeiros e operacionais, estabelecer reputação, adquirir experiência e desenvolver capacidades próprias, incluindo a capacidade de inovar e apostar em iniciativas de longo prazo.

A Fundação Jonas Malheiro Savimbi terá programas de Desenvolvimento Humano, que têm como Missão promover a inclusão social, com vista a transformar a nossa sociedade, tornando-a mais justa e mais coesa.

A Fundação pretende apresentar a dimensão formativa, humanista e transformacional do seu patrono. Ela representa a visão da construção democrática de Angola pelos angolanos, a partir dos seus próprios recursos, com base nos valores da unidade, da paz, da perseverança e da inovação, contando acima de tudo com as suas próprias forças.

Projetamos desenvolver uma instituição global, que valoriza o que é local, com a possibilidade de ter escritórios em vários países, para participar em projetos multiformes de investigação científica e de captação de recursos para promover o desenvolvimento.

No centro da ideologia da Fundação, está o indivíduo, homem ou mulher, com a sua dignidade, direitos e deveres, representando o ponto de partida para a justiça social, a democracia participativa e a economia sustentável.

O alvo do trabalho global da FJMS é o angolano, apoiar o angolano, ensinar o angolano a resolver os seus próprios problemas com os meios que já tem ao seu alcance, capacitando-o a plantar, por exemplo, a bananeira ou a mandioqueira, e não apenas a comer a banana ou a mandioca…

Na maioria dos casos, os projetos da Fundação Jonas Malheiro Savimbi serão realizados em parceria com instituições do Estado angolano, comunidade acadêmica, organizações da sociedade civil, assim como outras camadas específicas da comunidade mundial.

Pretendemos contribuir decisivamente para reduzir desigualdades no acesso à educação, facilitar a inclusão dos grupos mais vulneráveis da população, aprofundar o conhecimento através do estudo permanente dos problemas sociais e propor soluções que influenciam as políticas públicas e a alteração de comportamentos.

Minhas senhoras e meus senhores,

 A Fundação Jonas Malheiro Savimbi integrará e apoiará todas as iniciativas nacionais e internacionais para acabar com a fome. Desenvolveremos projetos integrados e apoiaremos todas as iniciativas governamentais e da sociedade civil para que ninguém passe fome em Angola por falta de comida.

Para a execução dos nossos projetos, contaremos com a participação de docentes e estudantes universitários voluntários, bem como com o envolvimento de membros das comunidades locais onde iremos desenvolver as nossas actividades.

A Fundação Jonas Malheiro Savimbi propõe-se também desenvolver programas e projetos inovadores e procurará apoiar, através de bolsas e subsídios, indivíduos e organizações sociais empenhadas na inclusão social e no desenvolvimento humano.

Minhas senhoras e meus senhores

Ficamos aqui na apresentação sumária do que se propõe fazer a Fundação Jonas Malheiro Savimbi, como instituição da sociedade civil angolana, nos limites dos seus estatutos, da sua vocação e da legislação angolana. Ela é e será sempre uma parceira das comunidades e do Estado na luta pelo desenvolvimento humano dos povos de Angola

Estou convencido que os equívocos e temores iniciais à volta dos objetivos desta Fundação angolana, ficarão ultrapassados.

Agradeço mais uma vez o apoio de todos, colaboradores, doadores,  os que tiveram a coragem de nos ajudar a chegar até aqui. Exortamos a todos os interessados a apoiar a Fundação e seus objetivos sociais e científicos. Seja para promover o bem comum ou para honrar a memória do nosso patrono, Jonas Malheiro Savimbi, o apoio e contribuição de todos serão bem vindos.

Muito obrigado.

Luanda, 20 de Agosto de 2024.

Isaías Samacuva

Presidente

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