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O escritor João Melo manifestou, quinta-feira, 15, a sua satisfação pela integração como membro correspondente da Academia de Letras do Brasil, com sede em Brasília, constando na selectiva lista dos sete novos associados aprovados pela assembleia-geral da referida instituição, realizada na quarta-feira.

Para além do escritor angolano João Melo, a lista inclui as poetisas santomense Conceição Lima, a espanhola Alícia Silvestre, a chilena Pauline LeRoy, a escritora e professora argentina Ana Guillot, a poetisa e tradutora portuguesa Leocádia Regate e o poeta uruguaio Roberto Bianchi.
Pela eleição, o presidente da Academia Angolana de Letras, Paulo de Carvalho, endereçou ao escritor uma nota de felicitações, através da qual “expressa, com distinto regozijo, a sua profunda satisfação pela aprovação, por unanimidade, da eleição do escritor e académico angolano João Melo”.
Paulo de Carvalho reforça, igualmente, que a Academia Angolana de Letras augura que este meritório reconhecimento venha a contribuir para o enriquecimento e valorização do ambiente de trocas culturais entre Angola e o Brasil, com diferentes perspectivas e experiências, a favor da promoção do intercâmbio de ideias e estilos.
Reconhecido como um dos grandes escritores da sua geração, um nome incontornável da poesia angolana pós-Independência, João Melo nasceu em Luanda, em 1955. Estudou Direito em Coimbra e em Luanda. Licenciou-se em Comunicação Social e fez o mestrado em Comunicação e Cultura no Rio de Janeiro. É membro fundador da União dos Escritores Angolanos (UEA), onde ocupou diversos cargos.
João Melo é considerado um mestre do humor e da ironia, e não só, assim como um dos criadores do pós-modernismo africano. O escritor é conhecido pelas suas constantes experiências estruturais e linguísticas, a fim de criar narrativas surpreendentes.
Vencedor do Prémio Nacional de Cultura e Artes de 2009, na categoria de Literatura, pelo conjunto da sua obra, João Melo é habitualmente publicado em Angola e Portugal, Brasil, Itália, Cuba, Espanha, Estados Unidos da América e Inglaterra. Adoptando, sobretudo ironicamente, a temática dos rumos do processo histórico angolano, publicou doze livros de poemas, nomeadamente “Definição” (1985), “Fabulema” (1986), “Poemas Angolanos” (1989), “Tanto Amor” (1989), “Canção do Nosso Tempo” (1991), “O caçador de nuvens” (1993), “Limites e Redundâncias” (1997), “A luz mínima” (2004), “Todas as palavras” (2006), “Auto-retrato” (2007), “Novos poemas de amor” (2009), “Cântico da terra e dos homens” e “Diário do Medo” (2021).
A essas obras acrescentam-se a produção literária de cinco livros de contos, designadamente “Imitação de Sartre & Simone de Beauvoir” (1998), “Filhos da Pátria” (2001), “The Serial Killer e outros contos risíveis ou talvez não”, “O dia em que o Pato Donald comeu a Margarida pela primeira vez”, “O homem que não tira o palito da boca”, “Será este livro um romance”, obras traduzidas em várias línguas. A sua colectânea de contos “And Suddenly the Flowers Withered and Other Stories”, que traduzido para o português significa “E de repente as flores murcharam e outras estórias”, considerada pela “Britte Paper”, um importante site literário americano, vinculado à Universidade de Wisconsin-Madison, entre os 100 melhores livros africanos que se notabilizaram em 2023. Lançada com o selo da Europe Books, do grupo Europe Edizione, foi organizada e traduzida pelo renomado tradutor norte-americano Clifford E. Landers, que trabalha com grandes nomes da literatura em língua portuguesa, em especial brasileiros, como Jorge Amado, Rubem Fonseca, João Ubaldo Ribeiro, Lima Barreto, Patrícia Melo e outros.