O Presidente da UNITA declarou, esta sexa-feira,28, na abertura do XIV Congresso Ordinário do partido, que o evento representa “um marco de renovação do compromisso com Angola, com a liberdade, com a verdade e com a dignidade do cidadão angolano”.
Fonte:semcensura.ao

Ao saudar os presentes, o dirigente afirmou: “É com profundo sentido de responsabilidade e honra que tomo a palavra neste Congresso, um momento maior da vida política nacional.” O Presidente dirigiu-se aos membros da Direção, delegados, representantes de partidos políticos, corpo diplomático, autoridades tradicionais, entidades religiosas e observadores nacionais e internacionais.
Memória e continuidade histórica
No seu discurso, destacou que o primeiro dever do partido “é o da memória, não a memória que aprisiona, mas a memória que orienta”. Recordou o fundador da UNITA, Jonas Malheiro Savimbi, sublinhando que este “sonhou com uma Angola plural, democrática e próspera”.
O XIV Congresso reúne 1.251 delegados provenientes dos 326 municípios das 21 províncias do país. O Presidente considerou o momento como “fundamental para o partido e decisivo para o futuro do país”.
Balanço do mandato
Ao longo do mandato que agora termina, o dirigente afirma que o partido:
“Reforçou a democracia interna”;
“Consolidou a sua presença em todas as províncias”;
“Melhorou a organização das estruturas”;
Liderou a Frente Patriótica Unida, que teve “desempenho relevante nas eleições de 2022”;
Mantém “a defesa dos interesses nacionais e da dignidade humana”.
Reconheceu publicamente o empenho dos dirigentes, quadros e militantes que “mantiveram viva a chama da UNITA nas condições mais adversas”.
A Reconciliação Nacional e os 50 anos de Independência
O Presidente destacou ainda a participação da UNITA no Congresso Nacional da Reconciliação, organizado pela CEAST, classificando-o como “um evento de suma importância para unir diferentes sensibilidades nacionais”. Segundo afirmou, a Carta de Compromissos resultante do encontro “pode efectivamente fazer com que Angola se torne um país melhor para todos”.
Em relação ao cinquentenário da Independência, lamentou que Angola continue “dividida entre vencedores e vencidos”. Para o líder da UNITA, “não deveremos repetir hoje aquilo que ontem nos separou”. Criticou também “o esbanjamento financeiro” associado às celebrações oficiais.
O Presidente reiterou que o reconhecimento igual dos três Pais da Independência — Álvaro Holden Roberto, António Agostinho Neto e Jonas Savimbi — “é essencial para uma verdadeira reconciliação”.
Compromisso democrático e estatutário
Ao citar o artigo 25 dos Estatutos do partido, lembrou que cabe ao Congresso “estabelecer a linha político-ideológica, aprovar estratégias, rever estatutos e eleger o Presidente e a Comissão Política”.
Referiu que o processo democrático interno terminou a 26 de novembro, com a campanha dos dois candidatos — Rafael Massanga Savimbi e Adalberto Costa Júnior —, num exercício que, segundo frisou, “dignifica a UNITA” e se realiza desde 2003.
O dirigente afirmou: “A UNITA e os seus membros nunca se vão autoexcluir, pois conquistaram o direito de plena participação política democrática.” Defendeu o respeito pelos direitos, liberdades e garantias, ressaltando que “é hora de pôr cobro a excessos”.
Desafios do país e proposta de governação
O Presidente defendeu que Angola “desafia-nos a mudar de rumo” no início do novo cinquentenário e que a UNITA está “decidida e determinada a trabalhar com todos para a tão desejada mudança política que Angola clama”.
Acusou o país de viver “uma crise de liderança sem precedentes” e sublinhou que as instituições do Estado “enfrentam desafios de credibilidade e autonomia”. Acrescentou que “a alternância democrática deve ser vista como um processo natural, não como ameaça”.
A UNITA, afirmou, apresenta-se como “alternativa viável e credível para assumir as rédeas do poder político em 2027” e propõe reformas como:
descentralização real;
reforma constitucional;
poder judicial independente;
imprensa livre;
economia aberta.
Conclusão da sessão de abertura
O Presidente destacou que o Congresso decorre no mês em que Angola completa 50 anos de independência, o que “implica responsabilidade acrescida”. Enfatizou que as resoluções do encontro devem “reafirmar a UNITA como protagonista da transformação do país numa nação reconciliada e desenvolvida”.
Ao encerrar o discurso, declarou: “Com este espírito, damos por abertos os trabalhos do XIV Congresso Ordinário da UNITA.”
E finalizou: “Que este seja um Congresso de profundidade política, de debate livre, de decisões sábias e de visão de futuro.”