O angolano João Francisco Pedro, um jovem residente em Portugal há mais de dois anos, acusa o Governo português de criar obstáculos à empregabilidade de cidadãos angolanos, especificamente no sector da segurança privada.
Fonte: Sem Censura TV

Em entrevista ao portal Sem Censura, Pedro partilhou a sua experiência de ter sido impedido de aceder à formação necessária para exercer a função, um problema que diz ser comum entre os seus conterrâneos.
A sua queixa centra-se no processo de acesso à formação obrigatória para vigilante. “Para ser segurança aqui em Portugal, primeiro passas por uma formação que tem a duração de seis meses ou mais. Existem três níveis de segurança. O vigilante pode fazer vigilância a partir das câmaras em casa”, explicou.
No seu caso, a barreira surgiu na apresentação da documentação académica. “Fomos lá solicitar [a inscrição] e perguntaram qual o tipo de documento que a gente tinha. Eles pedem a declaração do ensino médio reconhecida no país de origem e na embaixada. Mas quando apresentei a minha documentação, foi ali onde veio a minha inquietação. Disseram que não podia fazer serviço de segurança e não justificaram as principais razões”, lamentou.
Segundo o jovem, dos três candidatos presentes no mesmo dia, apenas os de outros países, como Cabo Verde, foram admitidos. João Francisco Pedro afirmou já ter procurado mais informações, mas a resposta foi sempre a mesma e sem detalhes. “Só me disseram que o angolano não pode exercer o serviço de segurança privada. A pessoa que me estava a atender não conseguiu dar-me esclarecimentos. Só me disse que não podia fazer o serviço de segurança”, contou.
Esta situação, sustenta, não é um caso isolado. “É o que constato em algumas pessoas nossas aqui que nós conhecemos, assim como amigos e desconhecidos. É mesmo difícil encontrar um angolano a fazer trabalho de serviço privado”, desabafou.
A título de exemplo, o também conhecido como “Jojo da casa de chapa” adiantou que os privilegiados são os cidadãos de outras nacionalidades. “São mais guineenses e cabo-verdianos. Até há mais mulheres a fazer serviço de segurança, mas o angolano não pode”, afirmou, mostrando-se frustrado pela falta de explicações formais, inclusive por parte do consulado de Angola. “O nosso consulado não vai dar-te explicações”, concluiu.
Até ao fecho desta edição, não foi obtida uma resposta oficial por parte das autoridades portuguesas para o caso concreto relatado pelo jovem.