O director-geral do Jornal Hora-H, Escrivão José, e a directora de Informação da TV Hora-H, Anna Costa, foram notificados pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), em Luanda, para responder a um processo movido pelo atual comandante-geral da Polícia Nacional de Angola (PNA), comissário-geral Francisco Ribas.
Fonte: Sem Censura TV

Segundo informações recolhidas, Ribas terá considerado lesivo o facto de o seu nome ter sido associado a um alegado esbulho de terras pertencentes à empresa Konda Marta. O caso foi noticiado pelo Hora-H em 2024, quando o oficial exercia o cargo de comandante provincial da Polícia em Luanda.
Em declarações exclusivas ao portal Sem Censura, Anna Costa afirmou desconhecer as acusações, sublinhando que a matéria em causa foi assinada por outro jornalista, cujo nome não revelou.
“Ainda não sei bem de que acusação irei responder, porque se trata de uma matéria assinada por outrem. Provavelmente estou arrolada no caso apenas por ter ligado ao comandante Ribas para ouvi-lo em contraditório, uma vez que integro a direção do órgão”, disse.
A directora de Informação defendeu que o processo não faz sentido, uma vez que outros órgãos de comunicação social também acompanharam e reportaram a denúncia feita na conferência realizada na empresa Konda Marta.
“Não faz sentido ser apenas o Hora-H a receber a notificação. Penso que isto é apenas mais um processo para nos intimidar, só que desta vez o ataque é direcionado à direção do jornal e da televisão”, afirmou.
Anna Costa, que ocupa o cargo há seis anos, acredita que a ação judicial não terá continuidade, alegando que existem provas que sustentam a publicação.
“O processo não tem pernas para andar, porque a fonte principal tem nome e rosto. Temos áudios, vídeos e documentos que comprovam que solicitámos contraditório ao comandante. Se a justiça em Angola for séria, sairemos ilesos deste processo”, garantiu.
A jornalista questionou ainda o facto de a fonte da denúncia não ter sido notificada.
“Se a fonte não estiver arrolada, será mais uma prova de que se trata de um processo intimidatório. O caricato é que a notificação pede que sejamos ouvidos como declarantes, mas já existe um ofício que nos coloca como arguidos sem sequer termos sido ouvidos”, frisou.
Por sua vez, em entrevista à Rádio Ecclésia, o director do Jornal Hora-H, Escrivão José, classificou a ação como uma perseguição política.
“Estavam muitos jornalistas no local, mas por que razão apenas o nosso órgão é sempre vítima destes processos?”, questionou.
Segundo o responsável, Anna Costa deverá ser ouvida pelo SIC na próxima segunda-feira, em Luanda.